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segunda-feira, 13 de maio de 2013

OITO ANOS DEPOIS - HORA DE FAZER JUSTIÇA!


Entenda a história do Massacre de Felisburgo sob a perspectiva de quem sofreu a violência e convive diariamente com a ameaça:



A vida no acampamento Terra Prometida foi totalmente alterada após o Massacre de Felisburgo, que matou cinco militantes do MST - Movimento dos Trabalhadores Sem Terra e deixou outros 12 feridos em 20 de novembro de 2004.

Foram assassinados nesse dia:

Iraquia Ferreira da Silva
Miguel José dos Santos
Juvenal Jorge da Silva
Francisco Ferreira Nascimento
Joaquim José dos Santos. 


Aos 37 anos, Jairo é camponês e trabalha junto da esposa Maria Renilda e os 2 filhos arando o solo do acampamento Terra Prometida, onde o pai Juvenal fora assassinado 8 anos atrás. Depois do crime, Jairo assumiu outra postura de vida, tornando-se ainda mais ativo na luta pela terra, seguindo os ideais do MST. Agora o filho de Juvenal aguarda um dos momentos mais emblemáticos da história do Movimento: o julgamento de Adriano Chafik, mandante confesso do Massacre de Felisburgo. 

A luta pessoal e política está na veia de quem vive diariamente as consequências do caso e a insegurança de um novo ataque a qualquer momento. “Tá todo mundo preocupado por conta das ameaças de alguns pistoleiros. A gente se preocupa porque antes era só burburinho, depois veio o massacre". O julgamento é a esperança de que a justiça seja feita e que dezenas de famílias consigam voltar a sua vida com tranquilidade.

Jairo atribui a lentidão do processo de julgamento (já faz 8 anos desde o massacre) à influência da elite agrária do país. “É uma luta de classes”, definiu Maria Eni, uma das lideranças do movimento em Minas Gerais. “A sociedade vale o que tem. Ensinam o pobre a calar a boca e fica nisso”, disse ainda José Maria, de 47 anos e uma das 12 pessoas feridas durante o Massacre, atingido no abdômem e no joelho. 

Na época do crime, a fazenda Nova Alegria recebeu audiências publicas e apoio de entidades competentes como o INCRA e ainda diversas lideranças setoriais no país, como fez o próprio Lula, presidente do país na época. Mas de lá para cá a presença efetiva destas figuras desapareceram em sua maioria. “Tudo que a gente quer é com muita luta, porque apoio deles a gente não tem mais”, contou a senhora.

A primeira proposta de ação do MST em Belo Horizonte seria de fechar o trânsito da cidade para chamar a atenção da mídia tradicional que bloqueia a visibilidade do caso. Só que, segundo Maria Eni, isto comprometeria mais a imagem do movimento e seria uma brecha para que os veículos distorcessem a essência e o simbólo da ação. Apesar da crueldade inquestionável que o envolve, exemplos como o caso do goleiro Bruno recentemente condenado pelo sumiço e assassinato da modelo Elisa Samúdio recebeu em três anos bem mais visibilidade, em proporções injustas. Por fim, o movimento deliberou a realização de uma grande marcha pela cidade em 14 de maio, com a participação de membros e apoiadores da causa, contando com a força e difusão da divulgação da mídia independente.

Das 210 famílias residentes no acampamento Terra Prometida, restaram 55. Outras 155 famílias deixaram o lugar pouco a pouco, apontando motivos que, no fundo, mostraram o medo pelas constantes ameaças. “Os que ficaram foi por indignação e porque querem ver justiça”, disse José Maria. 

Na roda de conversa, o pensamento dos companheiros é um só: a condenação do mandante será um avanço para a Reforma Agrária. Caso contrário, será apenas mais um precedente para um novo massacre, uma desmobilização para todos os movimentos de esquerda. “O que aconteceu em Felisburgo é um reflexo do que vive o Brasil”, concluiu Jairo.

Justiça para Felisburgo - Cadeia para Chafik

Nota da edição BloguemusMG:
O julgamento de Chafic, réu confesso, está marcado para começar no dia 15 de maio de 2013 e estamos preparando uma grande manifestação pela rede para dar visibilidade ao evento, que interessa ao país inteiro devido às características comuns a outros casos, narrados ou não, pela imprensa.

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